Vivemos numa época na qual já se começa a sentir a necessidade de revisitar questões elementares como por exemplo: " a quem compete educar ? ”. Se hoje colocamos esta questão é porque se nota que infelizmente a resposta não é inequívoca, como tal temos necessidade de reafirmar que é aos pais que compete. Estamos tão acostumados a delegar a nossa responsabilidade ao estado, estando este a assimilar cada vez mais funções, que esquecemos a responsabilidade individual que cada pessoa tem neste e noutros processos. Soma-se a isto a a nossa prodigiosa capacidade para nos esquivarmos usando chavões modernos, como por exemplo quando dizemos que não assumimos esta responsabilidade devido ao ritmo de vida da sociedade moderna, ou aos novos modelos de família etc… O que me parece certo é que toda a responsabilidade abdicada vais ser cooptada por alguém, ou por alguma entidade, e no final o individuo que abdica de exercer este poder, de tomar decisões conscientes, vê-se na posição de eventualmente no futuro já não ter poder para as tomar.
Os pais que permitem que os filhos estejam intermináveis horas no youtube tik tok, ou passivamente a ver televisão ou no computador permitem que estas plataformas sejam agentes educativos sem o devido escrutínio, pois várias vezes os pais nem sequer fazem ideia do que se ensina nesses canais de comunicação.
A mesma coisa se pode dizer em relação à escola, muitos pais não fazem ideia dos currículos que são ministrados ás crianças. Há toda uma série ideológica que é papagueada na escola apresentando-se como “educação” sendo que os pais menos atentos ou menos preparados serão, se não escrutinarem criticamente este processo, surpreendidos pela subversão ideológica que é ministrada como verdade.
Vale a pena perguntar o que aconteceu para chegarmos aqui, será esta a situação ideal?
A resposta é óbvia, não. Basta que tenhamos a capacidade de análise que nos permita constatar que estamos todos hoje muito infantilizados perdendo competências chave que nos permitiam construir a nossa autonomia e independência mais cedo, e com um surgimento de patologias do âmbito da saúde mental rampante. É evidente que essas vicissitudes não podem ser totalmente desligadas de variadas circunstâncias mas o ênfase deve estar na nossa responsabilidade individual e nas nossas escolhas, pois são estes o factores sobre os quais podemos exercer algum tipo de controlo. Isto quer dizer que há decisões concretas que podemos tomar no nosso dia a dia para começar a reabilitar esta responsabilidade. Vou dar um exemplo de uma das mais simples, desligar a televisão.
Quantas vezes nos sentamos à mesa para jantar e a voz que fala mais alto é a do pivot do telejornal? Além de este tipo de conteúdo ser cada vez menos próprio para crianças pela normalização da brutalidade, da corrupção, da mentira e da propaganda, tiramos o foco do mais importante: a família. A hora de jantar foi sempre o momento sagrado da família quando todos se juntam para partilhar a refeição e conversar sobre o dia. Este momento cria um contexto próprio que é facilitador para que essa comunicação aconteça porque estamos todos ali naquele momento, sentados e por mais afazeres que tenhamos naquele momento temos de parar.
Se não conseguimos mudar estes aspetos mais simples como podemos sequer ter a ambição de chegar ao mais complexo.
Por aqui se começa, criando oportunidades para fazer pedagogia. A comunicação deve ser a base das relações e esta deve ser fomentada para que realmente se possa ter uma participação ativa na pedagogia. O que se nota cada vez mais é que comunicar face a face tem-se tornado mais escasso, e por conseguinte mais difícil. Sem esta ferramenta as famílias desagregam-se cada vez mais e estão sujeitas ás inumeráveis “pedagogias” que não se substituem em termos de autoridade e poder aos pais que podem com a sua mensagem ter outro alcance em termos de transformação dos comportamentos e atitudes das crianças.
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